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O RN DIVIDIDO E A OPORTUNIDADE DE CONSTRUÇÃO DO FUTURO POTIGUAR

O RN DIVIDIDO E A OPORTUNIDADE DE CONSTRUÇÃO DO FUTURO POTIGUAR

O Rio Grande do Norte ocupa uma posição geográfica privilegiada no cenário econômico e geopolítico nacional e internacional. Um estado banhado pelos litorais oriental e setentrional da costa brasileira e situado na “esquina do continente”, atualmente se destaca pela mais expressiva capacidade de produção de energia eólica do país.

A sobreposição de fatos normativos, políticos, econômicos e históricos que estão distribuídos nos atuais 167 municípios potiguares criou as características territoriais endógenas que são divididas e disputadas entre o Litoral, comandado pelo poder normativo e institucional da capital Natal, e o Sertão, liderado pelo “País de Mossoró” – uma Nação sem Estado, alçada a Capital do Semiárido Brasileiro a partir da Lei nº 13.568, de 21 de Dezembro de 2017[1].

A publicação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), denominada “Região de Influência das Cidades (REGIC)”[2], traça um panorama da rede urbana brasileira e classifica as cidades a partir das funções de gestão que exercem sobre outras cidades, considerando tanto seu papel de comando em atividades empresariais quanto de gestão pública, e, ainda, em função da sua atratividade para suprir bens e serviços para outras localidades.

O Rio Grande do Norte é dividido e polarizado pela área de influência de Natal, que sofre influência direta da Metrópole de Recife, e pela área de influência de Mossoró, que polariza o Oeste e sofre influência direta da Metrópole de Fortaleza.

E o centro do estado do RN? A qual lado pertence?

Existe um vazio de equipamentos de gestão pública, empresarial e de infraestrutura de grande porte na região central. A atividade econômica agropecuária, sobretudo de subsistência, associada à baixa densidade populacional, caracteriza a dinâmica socioeconômica dessa porção territorial e espalha os habitantes locais entre Natal e Mossoró na busca por serviços públicos e privados de referência.

A concentração espacial dos equipamentos e dos fluxos populacionais nas duas extremidades do RN contribui para a divisão territorial e para a intensificação das diferenças e disputas regionais entre o Litoral e o Sertão.

Será possível mudar o presente para construir um novo futuro para o Rio Grande do Norte?

A construção de uma nova cidade ou o incremento da infraestrutura pública e privada na região central talvez seja um caminho para reposicionar estrategicamente o território potiguar e colocá-lo no centro do debate para investimentos e crescimento econômico e social.

O Mais RN – Plano Estratégico de Desenvolvimento Econômico do Rio Grande do Norte (2015 – 2035) – traça quatro cenários para o estado nos próximos 20 anos e vislumbra a possibilidade de um cenário denominado “Escapando para o Mundo”, no qual o pacto político-institucional e o ambiente de negócios potiguar estão direcionados para a valorização do capital humano, o fortalecimento das cidades médias e o foco exportador das cadeias produtivas regionais.

A oportunidade da construção de um futuro que transporte o Rio Grande do Norte para o Mundo e que tenha a função de conectar o Litoral e o Sertão demanda que se repense a localização das infraestruturas e dos equipamentos públicos e privados no território norte-rio-grandense para o desenvolvimento econômico e social e para o incremento do ambiente de negócios do estado.

A Thêmata tem como características obsessivas a curiosidade e a investigação de problemas da realidade para a proposição de ideias que geram ações. Somos um hub de soluções criativas e integradas que, a partir de uma perspectiva geográfica e de engenharia, combina a inteligência estratégica de sistematização de dados e informações com a inteligência ambiental, tendo ênfase nas dinâmicas territoriais.

O problema do RN dividido tem potencial para se transformar em uma solução integradora de elementos internos e externos ao território potiguar e impulsionar a diversificação dos setores econômicos e da população norte-rio-grandense.

Como viabilizar? Eis a questão.

[1]Lei que confere a Mossoró título de Capital do Semiárido, no Estado do Rio Grande do Norte:  http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13568.htm

[2] Publicação no site do IBGE: Regiões de Influência das Cidades: https://www.ibge.gov.br/geociencias/organizacao-do-territorio/redes-e-fluxos-geograficos/15798-regioes-de-influencia-das-cidades.html?=&t=sobre